quarta-feira, 31 de janeiro de 2018

Curso de missiologia é organizado em Roma

Depois do primeiro curso (em 2015), as Pontifícias Obras Missionarias decidiram organizar um segundo curso de missiologia para os diretores nacionais das PP.OO.MM. (e seus colaboradores mais próximos) dos países de língua portuguesa. O curso, de alto nível, conta com a participação de trinta pessoas de sete países: Brasil, Portugal, Cabo Verde, Angola, Moçambique, Timor-Leste e Guiné-Bissau. Só falta São Tomé e Príncipe.
Os secretários gerais da União Missionaria, da Santa Infância e de S. Pedro Apóstolo
Para além das temáticas enfrentadas (missão e dialogo inter-religioso, missão e interculturalidade, a atualidade da missão ad gentes, etc.), o curso previa a visita de alguns lugares significativos: Assis, a cidade da paz, as catacumbas de Priscilla e a sede das Pontifícias Obras Missionarias. Na quarta-feira, houve a celebração eucarística na cripta da basílica de S. Pedro e a participação na audiência papal.
A Guiné-Bissau está representada pelo p. José Giordano, diretor nacional da PP.OO.MM., a ir. Eliane Armoa e o fr. Renato Chiumento, professor de missiologia no seminário maior.
O curso, que se desenrola no CIAM (centro internacional de animação missionaria), começou no dia 24 de janeiro e se termina a 3 de fevereiro.




Os participantes da Guiné-Bissau: ir. Eliane, p. Giordano e fr. Renato

A sede da Congregação de Propaganda Fide

Chegada de novas irmãs

Ir. Lydia Warutumo
As Pequenas Filhas de s. José, que chegaram à Guiné em 2007 e estão atualmente em Quinsana (região de Biombo), decidiram reforçar a sua presença missionaria na Guiné-Bissau enviando mais duas irmãs: ir. Lydia Warutumo e ir. Cecília Muthoni Mathenge. As duas são do Quénia e integram o grupo das três irmãs que já estão aqui (Margareth, Catherine e Elisabeth).
No mesmo tempo elas decidiram abrir uma segunda casa em Bissau, na qual acolher as futuras vocações para o seu instituto.

Ir. Cecilia Muthoni Mathenge


sexta-feira, 12 de janeiro de 2018

Conclusão da terceira sessão do Sínodo Diocesano

Depois de quatro dias de intenso trabalho, foi encerrada ontem a terceira sessão do Sínodo Diocesano com uma Declaração Final que foi lida durante a s. Missa de encerramento. Eis o texto:



DIOCESES DE BISSAU
SÍNODO DIOCESANO 
“NOVA EVANGELIZACAO” 

  DECLARAÇÃO FINAL DA TERCEIRA SESSÃO SINODAL 2018

Irmãs e irmãos em Cristo,

Chegamos ao fim dos trabalhos da 3ª sessão do 1° Sínodo Diocesano que versou sobre “Os desafios da Nova Evangelização”.

Louvemos, antes de tudo, ao Deus da Misericórdia pela abundância de graças derramadas sobre os sinodais que se dispuseram de forma pessoal e colectiva a prosseguir, com fé e espírito de serviço, os objetivos desta terceira e última Sessão.

Durante 4 dias de intensos trabalhos, os sinodais tiveram como referencias a Sagrada Escritura, a Doutrina Social da Igreja e outros documentos e isto foi um sinal inequívoco de uma devida apropriação da verdadeira sentido da NOVA EVANGELIZAÇAO cuja substancia é a renovação das modalidades do seu anuncio, da sua divulgação, da sua aplicação no atual contexto e realidade da Guiné-Bissau.

A convergência em torno da preservação dos valores do Evangelho, foi o sinal mais forte desta Sessão, pois, não obstante a composição difusa dos sinodais: Padres, Irmãs e Leigos, todos, de forma individual e coletiva, reafirmaram o seu apego incondicional aos ensinamentos de Jesus Cristo.
Os trabalhos do grupo foram espaços em que se fez sentir também a acção do Espírito Santo, levando os participantes a terem uma maior paixão e mais fantasia na missão de anunciar o Evangelho a todas as pessoas.

Perante os sérios desafios do nosso tempo, particularmente na Guiné-Bissau, esta terceira Sessão do I Sínodo Diocesano deu um sinal de alerta à nossa Igreja, sobre a necessidade de se aprofundar a reflexão sobre alguns setores da nossa vida eclesial e em sociedade, nomeadamente:



1. Estruturas pastorais
2. Fé e razão
3. O cristão e a politica
4. A pastoral vocacional
5. A pastoral universitária
6. A pastoral juvenil
7. Grupos e movimentos nas Paroquias
8. Ecologia e protecção do meio ambiente.

Irmãs e irmãos em Cristo,

Durante quatro dias meditamos sobre oito temas sincronizados e interdependentes entre si, pois constituem os caminhos que a Igreja deve percorrer na sua convivência com Deus e com os irmãos.

Os consensos alcançados, as experiencias partilhadas, os ensinamentos colhidos, o espírito de fé que animou as discussões em torno dos oito temas, são a expressão de uma Igreja que quer ser mais viva, dinâmica e atuante, mergulhada na procura de novos caminhos para uma Evangelização renovada no seu percurso e na sua adequação às demandas sociais do nosso tempo.

No fim desta terceira Sessão, os Sinodais rogam ao DEUS DA MISERICORDIA para que, com a assistência do Espírito Santo, as palavras, as pregações e as acções dos nossos Pastores, o Bispo da Diocese e o seu Auxiliar, Padres, Irmãs, Consagrados e Leigos, sejam o testemunho fiel e profético de uma Igreja renovada e mais preparada para se afirmar como sal e luz do Povo Guineense.

Que Deus Pai Todo Poderoso e Senhor da Vida, ilumine as orações dos políticos e governantes da Guiné-Bissau, despertando neles o espírito de serviço em ordem a se encontrar uma solução consensual para a saída desta persistente e sufocante crise que abala o País já lá vão três anos, pois à Deus, na sua infinita bondade, nada é impossível.

Que o Emmanuel se manifeste incessantemente e habite os nossos corações!

Que Nossa Senhora de Candelária, Mãe de Deus e Nossa Mãe cubra cada um de nós com o seu manto sagrado!

Que o Espírito Santo Paráclito renove um cada um de nós o espírito de fé, esperança e caridade e a todos ilumine!

Paróquia de S. João Batista de Brá, em Bissau, 11 de Janeiro de 2018

segunda-feira, 8 de janeiro de 2018

O sínodo diocesano retoma os trabalhos

No dia 8 de janeiro de 2018, o sínodo diocesano iniciou a sua terceira e última sessão. Os temas em agenda são oito: estruturas pastorais, fé e razão, o cristão e a política, a pastoral vocacional, a pastoral universitária, a pastoral juvenil, grupos e movimentos nas paróquias, ecologia e proteção do meio ambiente. Estão
presentes todos os delegados (cerca de 120 pessoas entre párocos, irmãs e fiéis leigos) juntamente com uma pequena delegação da diocese de Bafatá. Espera-se terminar na quinta-feira, dia 11, com a declaração final e a s. Missa de encerramento.

Eis em resumo os oito temas em agenda.


1. Estruturas pastorais
A Igreja, como qualquer sociedade humana, precisa de uma organização interna, que garanta a sua continuidade no tempo e a sua fidelidade à inspiração original.
A nossa diocese, durante estes 40 anos, dotou-se de uma vasta rede de estruturas ao serviço da ação pastoral e evangelizadora. Algumas destas estruturas são mesmo exigidas pela lei canónica da Igreja, outras foram surgindo com o tempo segundo as necessidades. São estas estruturas ainda válidas e necessárias, ou são velhas e anacrónicas, constituindo um fardo pesado para a diocese? Quais estruturas devem ser mudadas? Quais deveriam ser renovadas e atualizadas?

2. Fé e razão
Para muitos cristãos fé e razão estão em oposição, devendo a razão sempre ceder diante da fé. Mas é mesmo assim? O  desígnio do Criador foi de dotar o género humano de inteligência para que explorasse os mistérios da natureza e do mundo do espírito.  No entanto, devemos evitar de cair no duplo erro do fideismo (=a fé como solução última de todos os problemas) e do racionalismo (=a razão humana è o principal critério de conhecimento de tudo o que existe). O grande teólogo S. Agostinho costumava dizer: “Eu creio para compreender e compreendo para crer melhor”.
Será que nós valorizamos o diálogo entre fé e razão? Somos conscientes da complementariedade entre as duas?
3. O cristão e a política
A política é a arte de governar a polis (=cidade/estado). Ela se ocupa do destino comum dos povos.  E’ um campo de atividade especialmente reservado aos leigos, que se deixam guiar nisso pela Doutrina Social da Igreja.
Nesta ótica a Igreja não cessa de exigir de cada cristão, em quanto cidadão, um engajamento sério na política, como lembra o Catecismo da Igreja Católica: “Os cidadãos devem, tanto quanto possível, tomar parte ativa na vida pública.” (n. 1915)  Isso porque a Igreja considera fundamental a promoção do bem comum e a defesa dos valores cristãos.
Mas quanto são os cristãos que se implicam corajosamente  na administração da polis? Os funcionários públicos como exercem a sua função? Com empenho e profissionalidade ou como uma ocasião para se enriquecer?

4. A pastoral vocacional
O Senhor Jesus continua passando nas nossas ruas e cidades chamando pessoas a segui-lo mais de perto na vida religiosa e no sacerdócio.  Esta pastoral procura facilitar o encontro entre Jesus e o candidato através dum processo de discernimento e um acompanhamento personalizado. Esta pastoral está estruturada em etapas, sendo a paróquia  o “berço natural” de todas as vocações e a sua etapa inicial.
As nossas famílias e comunidades  são sensíveis aos  sinais de vocação mostrados pelos candidatos?  Estão prontas a colaborar com eles?

5. A pastoral universitária
Esta pastoral visa acompanhar os estudantes universitários nos seus estudos, para que possam ter momentos de encontro e de reflexão sobre a fé e a cultura, a fé e a ciência, a fé e o mundo globalizado. Noutras palavras, a fé deveria iluminar e dar sentido ao estudo, entendido não tanto como mero conhecimento, mas como uma preparação para uma missão: a de purificar e elevar as culturas, as ciências e, em definitiva, todas as realidades temporais a partir dos valores evangélicos. 
Os nossos jovens universitários se preocupam com a sua fé? Tomam o tempo de aprofunda-la? Sabem encontrar  tempo para ajudar nas paróquias?

6. A pastoral juvenil
Com esta pastoral a Igreja pretende acompanhar os adolescentes e jovens na sua caminhada vocacional e na inserção na Igreja. Eles normalmente são membros de algum grupo ou movimento eclesial (ver mais para frente grupos e movimentos na paróquia),  recebendo assim uma formação personalizada.
Um grupo muito sensível é o dos JO-PAIS, quer dizer, os jovens que tiveram um filho fora do casamento e ainda não estão prontos para se casar. Este grupo exige um acompanhamento e uma atenção especiais que nem todas as paróquias conseguem dar.  Como fazer para não perder estes jovens que “falharam” - é verdade - mas pretendem continuar a servir a Igreja?
  E os nossos adolescentes e jovens, como são acompanhados? Os párocos são sensíveis às suas exigências de  autonomia e de liberdade?  Conhecem os jovens? Vão ao seu encontro? Sabem interpretar as suas angústias e medos?
Acerca do próximo Sínodo dos jovens, que vai ter lugar em Roma em outubro, como estamos a nos preparar para este grande acontecimento? As nossas paróquias foram sensibilizadas sobre as temáticas do sínodo? Qual é o grau de participação dos nossos jovens na preparação do mesmo?

7. Grupos e movimentos nas paróquias
È inegável a contribuição que grupos e movimentos de apostolado (adolescentes, jovens, famílias cristãs, CV-AV, JUFRA, carismáticos, grupos de oração, Legião de Maria, etc.) podem dar e de facto dão às nossas paróquias e comunidades. Com o seu dinamismo e criatividade,  eles dão impulso às nossas estruturas pastorais, que muitas  vezes mostram sinais de velhice e falta de inspiração.
Mas estes grupos e movimentos devem ser acompanhados de perto para que não desviem do caminho certo. Eles são uma bênção de Deus, quando estão bem inseridos na pastoral de conjunto da paróquia.
Podem surgir, e de facto acontecem, conflitos e desentendimentos quando um grupo ou movimento quer emergir sobre os outros, monopolizando a pastoral; ou quando anda por sua conta, criando competição e divisão com os outros grupos. Um outro problema é o fenómeno da “multipla pertença”, quando um adolescente ou jovem é membro de dois ou mais grupos e/ou movimentos.
Como fazer para  que haja harmonia e colaboração na paróquia? E’ possível ser membro de dois ou mais grupos e movimentos contemporaneamente?

8. Ecologia e proteção do meio-ambiente
Ecologia significa: o cuidado da casa comum, que é o planeta terra. E’ um tema urgente e  importante, sobretudo para os países ditos “avançados”, que têm um  elevado grau de industrialização e, consequentemente, de poluição. 
A  própria Igreja sentiu a necessidade, nestes últimos anos, de elevar a sua voz em defesa do
meio-ambiente, cada vez mais ameaçado de destruição pelos hábitos irresponsáveis da humanidade.
O papa Francisco dedicou a esta problemática uma carta enciclica (Laudato sii), manifestan-do a sua preocupação pelo “urgente desafio de proteger a nossa casa comum” e lançando um “convite urgente a renovar o diálogo sobre a maneira como estamos a construir o futuro do planeta”. (nn. 13 e 14).
Os temas da ecologia e da proteção do meio ambiente não entraram ainda na agenda dos nossos políticos, que não os consideram uma prioridade. Mas até quando estaremos de braços cruzados a olhar para a casa que queima, sem fazer nada para apagar o fogo?

 


segunda-feira, 1 de janeiro de 2018

O "frade combatente" deixou-nos

Na madrugada do primeiro dia de 2018, o fr. Silvano de Cao, depois de prolongada doença, nos deixou. Ele tinha nascido em Trissino (Italia) ao 24 de março de 1942. Muito cedo sentiu a vocação a ser frade franciscano entrando no seminário com 10 anos. Fez a profissão solene em 1965. No ano seguinte pediu para partir como missionário para a Guiné-Bissau. Chegou na Guiné a 28 de junho de 1967 juntamente com os freis Jorge Dalla Barba e Ernesto Bicego, enquanto estava em pleno curso a luta pela libertação nacional. Apesar das limitaçoes da guerra, o fr. Silvano continuou a sua obra de evangelizador, percorrendo as tabancas e levando medicamentos e géneros às povoaçoes duramente atingidas pelos combates.
Simples irmão leigo (= não sacerdote), o fr. Silvano era um verdadeiro missionário  "com a missão no sangue". Exerceu vários serviços, sendo uma pessoa polivalente: enfermeiro, carpinteiro, ecónomo e construtor. Passou longos anos em Quinhamel e Cumura. Nos últimos dois anos esteve em Nhoma, onde era ecónomo da fraternidade e chefe de obra.
Fr. Silvano era conhecido pela sua generosidade, simpatia e o trato afável e gentil. Tinha 75 anos de idade e estava em Itália desde o mês de abril para tratamento médico.