quarta-feira, 27 de fevereiro de 2019

Irmãs franciscanas celebram 50 anos de presença missionária

Ontem ...
As Irmãs Franciscanas Missionárias do Coração Imaculado de Maria celebraram no dia 24 de fevereiro 50 anos de presença missionária na Guiné-Bissau. Com efeito, as primeiras seis irmãs chegaram à Guiné a 24 de Fevereiro de 1970: três foram para Cumura e três para Quinhamel.   

... e hoje
A sua atividade era, e continua a ser, muito variada: religioso-apostolica com a catequese; escola de corte e costura; em Quinhamel, a direçao do jardim infantil, da escola primaria e do ensino básico complementar; assistência sanitária: em Cumura (hospital-leprosaria), em Quinhamel (hospital materno-infantil) e em Nhacra-Teda (centro sanitário). O instituto já tem onze irmãs guineenses entre professas de votos perpétuos e de votos temporários.

As celebrações só começaram, devendo acabar no próximo ano com uma solene celebração eucarística na missão de Cumura.


Mensagem dos Bispos da Guiné-Bissau


Carta pastoral 

Eleições legislativas 2019


“O futuro da nação está no teu voto livre e consciente”


Aos Religiosos
Aos Políticos e Governantes,
Aos Homens e Mulheres de boa vontade


No próximo dia 10 de março, o nosso povo é convocado, mais uma vez, a exercer a sua soberania, no processo de escolha dos seus futuros dirigentes e, dada a importância social e política que as Eleições Legislativas revestem para o nosso país, não podíamos ficar indiferentes.
Como  pastores,  nós,  os  Bispos  da  Guiné-Bissau, sentimos  o  dever  de proporcionar aos nossos fiéis e aos demais homens e mulheres de boa vontade, um contributo que os ajude a exercer o seu direito em consciência e liberdade.
A mensagem que se dirige aos homens e mulheres desta nação, insere-se num facto inegável de desânimo de alguns de nossos iros e irmãs que, no início deste processo de recenseamento, se manifestaram pticos pelo ato, porque nenhuma legislatura chegou ao seu fim.
O comportamento da classe política guineense, que não não tem sido encorajador como desanimador, tem contribuído para o cnico e vicioso ciclo de instabilidade política e governativa.
O país vive, como consequência de todo esse conjunto de fatores, num clima de desconfiança generalizada, numa divisão insustentável quer entre os atores políticos quer entre a população e mesmo nas famílias, o que aumenta ainda mais a falta de esperança e confiança sobre uma possível mudança do estado actual.
Temos consciência que o povo vê o futuro com muita apreensão e frustração, pois a confiança, as expectativas e a esperança foram defraudadas: o nível da pobreza que tem aumentado, a qualidade da saúde e da educação, que são sectores chaves para o desenvolvimento de qualquer nação, estão numa situação caótica, quebrados e em crise.
É precisamente neste contexto dúbio, de desencanto, que o povo é chamado a decidir sobre o seu destino.


1. Com um olhar de esperança para o futuro


A esperança é a virtude que nunca tem faltado ao nosso povo. Cada vez que o país mergulha-se na crise e nos problemas; cada vez que o desespero bate à nossa porta, nasce sempre em nós uma luz de esperança, aquela esperança que nos vem de Deus e não nos engana (cf Rom.5,5). Acreditamos que Deus nos ama e caminha connosco.
A nossa fé, ime-nos que vos exortemos, a depositar a esperança em Deus nosso  Salvador,  a  nunca  se  desesperar,  porque  temos  certeza  que  Ele  está connosco, quer o bem desta nação e de cada um dos seus filhos.
Caros  irmãos  e  irmãs, como  crentes,  nós  temos conscncia que  Deus espera que vivamos a fé com responsabilidade, que não nos esqueçamos que Ele
dignifica os proventos tirados do trabalho.  Assim, como diz o ditado Si bu misti forel, para balai (Deus dá nozes, mas não as quebra): o país não vai mudar, a nossa
situação não se alterará se não fizermos, afincadamente, algo por isso. Coloquemos por isso, em Deus, as nossas ações, pedimos a Ele que ilumine a nossa escolha no
acto do voto. Que este voto seja a expressão do interesse comum.

2. Voto, expressão do respeito e a promoção do Bem Comum


Inspirando-nos no pensamento do Papa Francisco que afirma que o futuro das nações não está unicamente nas mãos dos seus dirigentes, mas sobretudo nas mãos dos povos, queremos aqui reafirmar o seguinte: o futuro deste país, que custou sangue e suor dos nossos antepassados, está sobretudo nas mãos do seu povo.
Somos chamados, mais uma vez, a votar, a decidir sobre o nosso futuro através do voto que deve constituir a expressão da promoção do Bem Comum que passa por politicas que privilegiam a pessoa humana o seu pleno desenvolvimento(cf.  Exortação da  Conferencia Episcopal do  Senegal, Mauritânia, Cabo  Verde  e Guiné-Bissau, para a Quaresma de 2018)
No exercício do nosso direito de voto, não entramos em comunhão com outros eleitores, independentemente das respectivas escolhas e convicção política, mas  determinamos também  o  futuro  do  nosso  povo,  em  conjunto,  pois   em conjunto, o  nosso  voto consegue representar um  sim  ou  um  não a  um  projeto apresentado pelos candidatos. O exercício do direito de voto exige de cada um de nós uma responsabilidade moral e social, deve representar sempre uma visão de desenvolvimento da nossa nação, de reconhecimento e de salvaguarda dos valores conquistados por todos aqueles que lutaram e lutam, se sacrificaram e se sacrificam para o bem de todos.
Não percamos de vista que o nosso voto terá sentido se for expressão de solidariedade para com o bem-estar para cada um de nós e daqueles que virão depois de nós. 
O voto determina o bem-estar do povo, d a necessidade de o seu exercício ser com responsabilidade e em consciência.

3. Votar segundo a própria consciência


A necessidade e a pobreza em que se encontra boa parte da população, leva atores políticos a se permitirem ofertas de bens materiais, com o intuito de corromper a sua consciência. Nesse período, acrescem a esta pobreza e necessidade, outras fragilidades: o baixo nível de formação, a maior consciência de pertença a um grupo étnico e religioso, e a falta de compromisso ético por parte de alguns políticos que claramente, aproveitam estas tendências tribais e religiosas em proveito próprio e em prejuízo do Estado.
Exortamos a população a não se deixar corromper pelos partidos políticos, porquanto equivaleria a vender a própria consciência, a ppria dignidade, valores que sempre foram muito caros aos homens e mulheres desse país.
O  guineense sempre  foi  caracterizado pela  solidariedade, por  um  olhar compassivo ao próximo, ao vizinho, ao irmão, aos spedes. Então não nos esqueçamos que deixar que o nosso voto seja dado em troca de bens materiais, não constitui apenas uma violência à nossa consciência, mas ainda um negar de solidariedade, de compaixão aos nossos próximos, uma perda da nossa identidade enquanto povo, um desprezo à humanidade de cada um de nós.
Vejamos, por isso, o perfil dos candidatos e os seus respectivos programas. Contribuamos  para  a  criação  de   uma  classe  política,  competente,  honesta, consciente dos valores da democracia, dos Direitos Humanos e preocupada com a promoção do Bem Comum.
Ergamo-nos, não obstante todos os motivos para desânimo, como uma só pessoa, como um único povo, para, de novo, escrevermos a nossa história com um olhar de esperança para o futuro.

4. Apelos


O Papa Francisco, na sua Mensagem para o Dia Mundial da Paz deste ano, propôs as «bem-aventuranças do político». Fazemos nosso o seu vibrante apelo:

§  “Bem-aventurado o político que tem uma alta noção e uma profunda consciência do seu papel.
§  Bem-aventurado o político de cuja pessoa irradia a credibilidade.
§  Bem-aventurado o político que trabalha para o bem comum e não para os próprios interesses.
§  Bem-aventurado o político que permanece fielmente coerente.
§  Bem-aventurado o político que realiza a unidade.
§  Bem-aventurado o político que está comprometido na realização duma mudança radical.
§  Bem-aventurado o político que sabe escutar.
§  Bem-aventurado o político que não tem medo


Apelamos ainda o seguinte:

o   que cada guineense assuma o voto como um ato sagrado de cidadania. Vamos votar, porque não é na nha boka ka sta la”, que vamos mudar o país;
o   que  os  Religiosos intensifiquem suas  orações para  que  o  ato  eleitoral decorra da melhor maneira possível, testemunhando que o bem do País está acima de qualquer outro interesse;
o   que haja respeito pelos adversários e sejam respeitadas as regras democráticas
o   que a campanha eleitoral transcorra num ambiente de paz verdadeira, sem qualquer recurso à violência física ou verbal, ameaças ou intimidações;
o   Que os candidatos saibam demonstrar apurada cultura política, pautando-se por uma campanha eleitoral pedagógica, elucidativa dos grandes desafios com que se depara o ps e abstendo-se de argumentos que atentem contra a unidade nacional;
o   que a recolha e controlo dos votos sejam efectivamente transparentes e que os resultados, assim legitimamente obtidos, sejam   respeitados por todos os candidatos e eleitores, em espírito de verdadeira democracia;
o   que as Forças de Ordem e Segurança, no seu ideal de sacrificar a vida em defesa da pátria e do seu povo,  garantam a integridade do território e a segurança efectiva dos cidadãos e dos seus bens;
o   que a Comunidade Internacional continue a manifestar e a reforçar o seu apoio à Guiné-Bissau para que possa, de fato, retomar o seu lugar no concerto das nações e ter condições propícias para investir no seu progresso.



Fazemos votos  para  que  as  Eleições Legislativas do  dia  10  de  Março, decorram num clima de paz, de liberdade, de estabilidade e de civismo, e sejam um marco importante para o desenvolvimento do nosso povo.



Que o Deus Criador e Todo-Poderoso abençoe a cada um de nós na Guiné-Bissau.





Bissau, 25 de fevereiro de 2019





Dom José Câmnate na Bissign              Dom Pedro Carlos Zilli
Bispo de Bissau                               Bispo de Bafatá