terça-feira, 14 de fevereiro de 2023

Jovens franciscanos são ordenados diáconos


 Aconteceu no sábado passado, 11 de fevereiro, em Canchungo. Três jovens franciscanos foram ordenados diáconos pelas mãos de D. José Câmnate na Bissign diante de uma multidão de fieis vindos de todas as partes da Guiné-Bissau. Os seus nomes são: fr. Braima Té, fr. Viriato Lopes Ialá e fr. Victorino Có. Todos são frades menores da Custódia de S. Francisco de Assis na Guiné-Bissau, servindo em diferentes fraternidades: Brá, Blom e Canchungo.

A celebração, que foi presidida pelo bispo emérito D. José Camnate, contou com a presença de um bom número de padres e seis diáconos (três da diocese de Bissau e três da diocese de Bafatá). Com estes novos ordenados, portanto, a nossa Igreja dispõe agora de nove diáconos! Uma grande benção do Senhor. 

Depois da celebração foi anunciado que o fr. Braima iria para a fraternidade de Rufisque, no Senegal, em substituição do fr. António Tchami que regressou por causa de problemas de saúde.

 

terça-feira, 6 de dezembro de 2022

Fr. Ernesto Bicego, uma coluna das missões franciscanas, regressa à casa do Pai

 Era o nosso missionário mais antigo, tendo vivido 55 anos na Guiné-Bissau. Natural de Valdagno, perto de Vicenza, onde nasceu em 5 de agosto de 1941, ele sentiu muito cedo o apelo a partir missionário e respondeu com entusiasmo. Era o ano de 1967. Chegou à Guiné juntamente com dois confrades: fr. Silvano de Cao e fr. Jorge Dalla Barba: todos três estão agora no céu, saboreando os frutos do seu trabalho. 

Em Itália, antes de partir, tinha feito um curso de enfermagem, mais depois de algum tempo teve de regressar à Italia para fazer um curso de mecânica (1971-1973) em vista de assumir a oficina-mecânica de Cumura. Mais as surpresas não acabaram, porque teve também de estudar para ser ordenado padre. Ele de facto será ordenado sacerdote pelo bispo D. Settimio A. Ferrazzetta em 26 de junho de 1982: o primeiro padre da nova diocese que acabava de ser erigida. 

O fr. Ernesto trabalhou sobretudo nas missões de Cumura e Quinhamel, lançando vários projetos de ajuda às povoações locais: cooperativas de pesca, escolas, conserto de bolanhas (arrozais) e muito mais. A sua mente era um vulcano em erupção, que mandava continuamente lava. Era foi o fundador da escola de Cumura, que conta hoje 1.500 alunos e foi diretor da escola de Blom (2012-2020). 

Nos últimos tempos a sua saúde não era boa, por isso foi-lhe aconselhado de voltar à Itàlia para tratamento (maio de 2022). Mas o seu desejo era de morrer aqui, na sua amada Guiné. Não foi facil para ele deixar tudo e partir sem saber se ia voltar. Infelizmente, morreu de repente no dia 2 de dezembro de 2022. 

Obrigado, fr. Ernesto, e que o Pai do céu seja misericordioso contigo, como tu o foste com a nosso povo.

 

domingo, 4 de dezembro de 2022

Guiné-Bissau. Milhares de fiéis acorrem ao Santuário de Cacheu em peregrinação

 

Milhares de fiéis encheram este fim de semana, 02 e 03 de dezembro, o Santuário de Nossa senhora da Natividade em Cacheu, norte da Guiné-Bissau, em “peregrinação Mariana” que teve como lema “Com Maria, caminhemos juntos para uma Igreja de Comunhão, Participação e Missão”.

As celebrações começaram às 14:30 do dia 02 com marcha de oração jovem de cerca de 7 km, coordenada pela Comissão da juventude, seguindo-se depois a adoração do Santíssimo às 20:00, tendo terminado com a vigília de oração que decorreu das 00:00h às 5:00 da manhã do dia 03, animada pelo grupo carismático.

A Santa Missa do enceramento e do envio dos peregrinos foi presidida pelo Administrador diocesano de Bafatá, Padre Lucio Brentegani, que convida os cristãos guineenses a serem verdadeiros missionários para o anúncio do Evangelho na Guiné-Bissau.

Segundo o Padre Lucio a Guiné-Bissau precisa do “fermento do Evangelho” para que a massa da vida social e familiar das pessoas possa se tornar evangélica, de amor, da fraternidade e da solidariedade.

“Esta peregrinação Mariana é sinodal e o lema está ligado com o do sínodo; comunhão participação e missão. Depois desta experiência de participação em comunhão, pedimos a estes peregrinos que se tornem missionários na Guiné-Bissau”.

A peregrinação Mariana contou com a presença dos representantes da Comunidade Islâmica e da Igreja Evangélica da Guiné-Bissau, fato elogiado pelo Administrador diocesano de Bafatá que enalteceu a boa convivência reinante entre as diferentes confissões religiosas presentes no País.

“Temos caminhos diferentes, mas somos todos filhos da mesma terra e do mesmo Deus, e é isso que nos junta e é a esta fraternidade universal que o Papa Francisco nos convida sempre, então estamos de alguma maneira a tentar vivê-la aqui na Guiné-Bissau”.

Segundo dados da Comissão organizadora participaram da peregrinação mais de 7 mil peregrinos vindos das duas dioceses do País (Bissau e Bafatá).

Estava presente, também, uma delegação da Comissão organizadora das Jornadas Mundiais da Juventude – Lisboa 2023, que se encontra de visita ao País.

O Padre Nuno Coelho que chefiava a delegação falou da experiência vivida durante a peregrinação.

“Foi muito bonito ver a Guiné-Bissau em várias paróquias e vários movimentos todos juntos de uma forma bastante comunitária e o testemunho da fé, toda a gente a cantar e a dançar”.

Registamos, também, o depoimento de uma peregrina que não duvida que com Maria e Jesus nada é perdido.

“Continuemos a ser perseverantes na fé, porque com Maria e Jesus nada perdemos”, concluiu.

A peregrinação Mariana 2022 – que decorreu de 02 a 03 de dezembro - foi realizada depois de ter sido suspenso nos últimos dois anos devido às interdições impostas para conter a propagação da pandemia de Covid-19.

Casimiro Jorge Cajucam – Rádio Sol Mansi, Guiné-Bissau

terça-feira, 5 de julho de 2022

O presidente Sissoko minimiza assalto à igreja de Gabú

O presidente da República, Umaro Sissoco Embaló, desvaloriza a vandalização da Igreja Católica de Gabu, diocese de Bafatá, que foi alvo de ataque por um grupo de pessoas desconhecidas.

"Quantas vezes as mesquitas foram roubadas aqui? Se a Igreja for alvo de roubo têm que deixar a polícia fazer o seu trabalho. Se a Igreja foi vandalizada é coisa do outro mundo? Quantas vezes roubaram relógios [de parede], ventoinhas ou aparelhos de ar condicionado nas mesquitas? As pessoas têm que parar com tretas, até no Vaticano e na Meca as pessoas roubam, será que é coisa de outro mundo?", assumiu o chefe de Estado, Umaro Sissoco Embaló, que falava, ontem a noite, em declaração aos jornalistas no aeroporto internacional Osvaldo Vieira, proveniente de Gana, onde participou na cimeira dos chefes de Estado e do Governo da CEDEAO.

“PR TEM UMA SAÍDA DESASTROSAS”, diz analista

Entretanto, convidado para analisar esta posição do presidente da República, o politólogo guineense e comentador dos assuntos políticos da Rádio Sol Mansi, Rui Jorge Semedo, considera de “triste e vergonhosa” a posição assumida por Umaro Sissoco Embaló em relação a episódio ocorrido na Igreja de Gabu.

“Uma declaração muito triste e vergonhosa, um presidente da República constitucionalmente símbolo da unidade nacional tem a responsabilidade de ter um discurso alinhado com a paz, unidade, harmonia e desenvolvimento, mas quando faz uma comparação que não tem nada a ver, furto de sapato e relógio [de parede] com um ato de terrorismo, de vandalismo e de violência então aí ficamos todos triste, porque esperávamos tudo do nosso presidente, menos essa saída, ele [PR] no mínimo o que podia fazer é tentar fazer a correção e pedir desculpa à Igreja católica se realmente existem os conselheiros”, aconselha o politólogo.

Rui Jorge Semedo lembra ainda que não é a primeira e nem a segunda vez que o PR tem uma “saída desastrosas” que acaba por pôr em causa todos os esforços da unidade nacional.

“O presidente da República é único que está em contramão do episódio, e o próprio ministro da Administração Territorial teve uma comunicação e posição brilhante e vimos outros cidadãos inclusive a família do regulado de Gabu, a comunidade muçulmana e outras individualidade unidos a condenar esse tipo de comportamento na Guiné-Bissau e se o presidente da República vem comparar roubo do relógio e do chinelo com um atentado muitíssimo grave que espantou toda a sociedade então é muito preocupante e é preciso chamá-lo a responsabilidade”, sustenta Rui Jorge Semedo.    

Ainda sobre o mesmo assunto, a RSM tentou mas ainda sem sucesso ouvir a reação da Liga Guineenses dos Direitos Humanos e as Organizações da Sociedade Civil agrupadas no Espaço da Concertação Social.

Na sexta-feira, a Paróquia Santa Isabel de Gabu, diocese de Bafatá, foi encontrada totalmente vandalizado por um grupo de pessoas ainda desconhecido, os mentores do ato mandaram o altar abaixo, partiram uma imagem de nossa senhora e levaram outra que depois foi encontrada no quintal do governador de Gabu e o sacrário não foi tocado, segundo explica, o padre Paulo de Pina enviado pelo administrador da diocese de Bafatá.

No dia seguinte, o ministro da Administração Territorial esteve na Igreja vandalizada e prometeu que dentro de alguns dias serão conhecidos os resultados preliminares do inquérito do caso.

Até neste momento segundo as informações recolhidas pela Rádio Sol Mansi, a partir de Gabu, não há nenhum detido ligado ao ataque.

Por: Braima Sigá (Radio Sol Mansi)

A igreja de Gabú é vandalizada por desconhecidos

Continuam por apurar as circunstâncias do ataque a uma igreja católica no leste da Guiné-Bissau. É o primeiro ataque do género e está a inquietar a sociedade. O Presidente Sissoco não está a dar importância ao sucedido.

É um caso inédito na Guiné-Bissau e está a chocar a sociedade, desde que foi denunciado e desde que foram postas a circular, nas redes sociais, imagens da igreja vandalizada.

Tudo aconteceu na noite da passada sexta-feira (01.07), na cidade de Gabú, leste da Guiné-Bissau, a cerca de 200 quilómetros da capital guineense, quando um grupo de desconhecidos atacou e vandalizou a Paróquia Santa Isabel.

"Quase tudo destruído"

Os vândalos destruíram quase tudo no interior da igreja, desde o altar, a Cruz Peregrina e até a imagem de "Nossa Senhora", que para os cristãos é sagrada. Alguns objetos foram destruídos e deixados no exterior da paróquia.

O padre Paulo de Pina Araújo, da Diocese de Bafatá, que alberga a Paróquia Santa Isabel, não tem dúvidas sobre o sucedido: "Essa pessoa [que fez o ataque], acho que foi motivada por um tipo de ódio. Agora, não sabemos se um ódio religioso ou de caráter político, não sabemos a razão, mas é um ódio que levou a pessoa a fazer isso, porque não roubou e não tirou nada da igreja para si."

 


No interior da igreja de Santa Isabel, em Gabú, 

praticamente nada escapou à ira dos atacantes

Primeiro ataque do género no país

Em Gabú e em toda a Guiné-Bissau não há registo de um conflito inter-religioso nem de ataques a qualquer lugar de culto. A laicidade do Estado guineense e a existência de mais de duas dezenas de etnias no país foram sempre motivo de elogios por líderes religiosos, tendo em conta a "boa convivência" que se regista entre os cidadãos.

Em reação à vandalização da Paróquia Santa Isabel, de Gabú, o Presidente da República, Umaro Sissoco Embaló, desvalorizou o sucedido, em declarações aos jornalistas, no Aeroporto Internacional Osvaldo Vieira, após a sua chegada do Gana, onde participou, este fim-de-semana, na Cimeira dos Chefes de Estados da Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO).

"Quantas vezes as mesquitas foram roubadas aqui? Se a igreja foi roubada têm que deixar a Polícia fazer o seu trabalho. Se a igreja foi vandalizada é coisa do outro mundo? Quantas vezes roubaram relógios [de parede], ventoinhas ou aparelhos de ar condicionado em mesquitas? As pessoas têm que parar com tretas, até no Vaticano e em Meca as pessoas roubam, será que é coisa de outro mundo?", declarou o líder guineense.

Apelos a investigação exaustiva

Neste momento, multiplicam-se os apelos à investigação das autoridades policiais. O pedido foi reforçado à DW África pelo presidente da Confederação da Juventude Islâmica (CNJI-GB), Hamza Seidi, que fala num ato de terror.

"Enquanto Confederação Nacional da Juventude Islâmica da Guiné-Bissau, condenamos com toda a veemência [este o ato], porque nada justifica [o ataque]. A Guiné-Bissau é um país laico e não podemos permitir que um ato do gênero aconteça neste país. Por isso, exigimos às autoridades competentes que investiguem e responsabilizem as pessoas envolvidas neste ato que consideramos de terror", sublinhou.

As informações sobre os responsáveis do ataque à igreja são escassas, mas a DW sabe que a Polícia Judiciária (PJ) já está a investigar o caso. Apesar da vandalização, a igreja atacada celebrou a missa normalmente, este domingo, sem vários dos seus objetos que foram destruidos.

terça-feira, 17 de maio de 2022

P. Cristiano Urolis regressa à casa do Pai

 Na quinta-feira passada (12 de maio) uma notícia terrível apanhou todos de surpresa: o P. Cristiano Urolis, pároco de Nossa Senhora de Ajuda, em Bissau, caiu da palmeira e morreu alguns minutos depois. 

Mas quem era o p. Cristiano? Nascido a 30 de janeiro de 1974 em Caiomete (região de Cacheu), muito cedo ouviu o convite do Senhor a segui-lo mais de perto no ministério sacerdotal. Foi ordenado diácono a 19 de janeiro de 2008 e presbítero a 5 de julho do mesmo ano. 

Depois de ter regressado dos estudos na Itália, o p. Cristiano foi nomeado professor de história da Igreja no Seminário Maior Interdiocesano e destinado à paróquia de Bor. Em 2020 ele foi nomeado pároco da paróquia do Bairro de Ajuda. 

De etnia manjaca, o p. Cristiano era uma pessoa muito simples e disponível, que vivia a sua vocação sacerdotal numa entrega total ao Senhor e num amor concreto aos seus paroquianos. Por isso, não esitava a fazer os trabalhos mais humildes e pesados, como subir as palmeiras para extrair vinho ou limpar a planta dos ramos secos.

Agora ele reposa no pequeno cemitério do centro de espiritualidade de N'Dame. Obrigado, p. Cristiano, o teu testemunho de vida nunca será esquecido.

segunda-feira, 9 de maio de 2022

Jornada vocacional 2022

 


Havia muita expetativa para a Jornada Vocacional de 2022, tendo em conta que no ano passado não foi possível organizá-la. Mais uma vez a ir. Victoria e a sua equipa fizeram um trabalho maravilhoso, que marcou toda a gente. O lema escolhido (“Sereis minhas testemunhas” – At 1,8) era cativante e empenhador, mas foi desenvolvido brilhantemente pelos vários intervenientes (dois padres, duas irmãs, um casal, uma leiga e um leigo consagrado, um seminarista e uma noviça) que se sucederam no palco. Foram experiências deveras enriquecedoras e empolgantes, que visavam dar conta da riqueza das vocações de que a Igreja é adornada. De fato, o objetivo do encontro era de ajudar os jovens a descobrirem o seu papel dentro da Igreja, seja na vocação matrimonial, vida sacerdotal, religioso/a ou leigo/a.

Eis alguns testemunhos entre os muitos recebidos. Uma irmã: “Foi muito bom o dia de ontem. Obrigada a todos pela brilhante preparação e pelo testemunho animador.” Uma outra irmã: “Olha, correu tudo muito bem com a ajuda de Deus. Parabéns, gostei muito.”