terça-feira, 27 de setembro de 2016

Kutujenuió



Cristãos exemplares

KUTUJENUIÓ

Saboreava o vinho de palma bebendo a pequenos tragos do seu pote de barro, gozando os últimos raios do sol que já se ia apagando. Os poucos que regressando a suas casas passavam pelo caminho ao lado cumprimentavam-no respeitosamente: Kutujenuió era um dos anciãos de Ejin, a sua aldeia, era mesmo das mais altas autoridades: o Colégio dos anciãos confiara aos seus cuidados os jovens iniciandos. Era abençoado por Deus e pelos espíritos. Já andava pelos oitenta anos, gozava de boa saúde, sua mulher, Anjiroken, era a mãe de todos os seus filhos e ninguém, a Ejin podia gabar-se de ter dois filhos machos, os dois sobreviventes às variadas epidemias que haviam ceifado as outras crianças; não só, mas o mais velho dos dois já lhe dera três netos também machos, os três viventes e a crescerem muito bem; e tudo fazia prever que não seriam os últimos, pois seus pais eram ainda novos e em boa saúde.
Num piscar de olhos ao pôr-do-sol sucedera a noite: Enquanto a mulher preparava o jantar, Kutujenuió tirou umas brasas do fogo e acendeu o cachimbo. O tabaco aumentara de preço os últimos anos, mas os seus filhos tinham iniciativas várias: pescavam, caçavam e sempre tinham algo para dar em troca de uma folha de tabaco. Sijupelankin, o segundo dos filhos machos, era ainda novo. Já tinha a namorada e devia pensar em construir sua casa mas também encontrava a forma de não deixar faltar nada ao velho pai. Quanto ao primogénito, Enguiria, que se fazia chamar António, era mesmo inigualável: alto um pouco acima do normal, maciço, calmo, duma força serena e razoável: tinha todas as qualidades para lhe suceder no colégio dos anciãos da tabanca.

Naquela noite, depois do jantar, voltou a sentar-se junto do fogo e aspirava as últimas bocadas com o inseparável cachimbo antes de se retirar a dormir. António aproximou-se dele, deu-lhe mais uma folha de tabaco e disse que queria falar com ele.
- Pai, começou, fiz um sonho, mas não sei o que quer dizer aquilo que eu vi.
- Conta-me, filho, talvez te possa ajudar,
- Eis o sonho. Eu ouvia gente a cantar. Fui na direçã0ne que vinham as vozes e cheguei perto de uma grande casa. No interior havia luz. Parei junto duma das portas para olhar para dentro. Havia muita gente, todos eles contentes e olhavam todo na mesma direção. Eu também olhei na mesma direção e vi que diante deles havia um homem, um branco. Logo senti uma grande alegria no meu coração. Não sei porquê, mas estava contente de estar junto deles Não saberia dizer se reconheci alguns daqueles rostos, mas os sentia muito próximos de mim, como se os conhecesse a todos, como... mesmo como irmãos, Acordei. Tudo desaparecera, mas não desapareceu a alegria que eu sentia dentro de mim. O que será? Talvez Deus, Emitai, queira me dizer alguma coisa?

Kutujenuió ficou calado, pensativo. O que seu filho vira em sonhos ele sabia o que era. Os Portugueses, em ocasião dos recorrentes conflitos que ensanguentavam suas tabancas, costumavam levar reféns, ou prisioneiros, a Bissau. Uma vez regressados contavam o que tinham visto naquela "terra branca" e entre o que se dizia havia algo de muito parecido com o que o António vira em sonhos. Eram os cristãos que se reuniam para suas cerimónias. Não eram só brancos, havia pepeis, Manjak e outros, mas Jóla como eles não. Cantavam, rezavam, mas não se compreendia nada do que eles diziam, porque usavam a língua dos brancos. Ele, Kutujenuió, nunca ousou pedir explicações, mas tudo isto sempre lhe fizera muita impressão....
  António observava o pai à espera que lhe desse uma resposta.
Kutujenuió buscava nas suas memórias tentando perceber que ligação podia haver entre quanto os colegas viram anos antes de olhos abertos e o que o filho acabava de ver em sonhos, experimentando, como dizia, grande alegria.
Lembrou que desde uns anos em Suzana, a tabanca principal de sua região, viviam uns brancos diferentes dos outros. Chamavam-nos de "padres". Tinham construído uma casa grande, melhor, mais casas, mas uma era maior das outras, cabia nela muita gente duma vez. Não só: ele ouvira também que naquela casa costumava juntar-se mais gente de Suzana Jóla Felupe como ele, e cantavam e rezavam mais ou menos como os que viram a Bissau uns anos antes.
Mas... havia algo de novo: o que eles diziam, o que eles cantavam se entendia, porque falavam a sua língua, o Jóla Felupe e chamavam a Deus com o mesmo nome com que eles aprenderam a chamá-lo: Emit ai. Talvez, se fosse ter com eles seu filho encontraria alguma explicação.
"Filho, disse enfim, vai a Suzana. Tu sabes onde se encontra a que chamam "Míson". Talvez possas encontrar lá o que viste em sonhos..."

António teve um momento de hesitação.
Ele também sabia que a Suzana havia a "missão", com os padres. Também os via passar no rio para ir visitar as outras tabancas, mas nunca os vira reunidos com muita gente dentro uma casa grande, como lhe acontecera em sonho. O que ouvira dizer era que os anciãos de Suzana e de outras tabancas não viam com agrado que um grupo de jovens seguia aqueles brancos tão diferentes dos outros. Segundo o que ouvira também o tinham espancado. Ele conhecia uns deles e sabia que tiveram que abandonar sus casas construídas há pouco na tabanca para saírem da mesma fora reconstruir suas casas perto da missão: expulsados pelos grandes da tabanca! Contou ao pai quanto sabia manifestando seus receios.
"Meu filho, não temas. vai, disse-lhe o pai, se o que viste em sonhos vem de Deus, vai ver de que se trata: Se Deus fala, não fala à toa."

No dia seguinte o sol ainda não despontava e António já estava a caminho de Suzana. Chegado ao rio deu um suspiro de alívio: as duas canoas lá estavam, uma de cada lado. Pegou no remo, entrou na canoa e atravessou. Chegado ao outro lado, rebocou a outra canoa para o lado de onde viera, voltou a atravessar, amarrou a canoa, pegou o remo: tudo estava certo, as duas canoas estavam outra vez uma de cada lado, prontas para quem chegasse, num ou noutro lado, para atravessar.
Apressou o passo através do mato. O sol estava saindo, o ar ainda era fresco e o caminhar não custava. Ao chegar perto de Suzana não queria acreditar aos seus ouvidos. Sim, ouvia cantar e o som vinha mesmo do lado da missão. Apressou ainda mais o passo, já entrevia a missão e ouvia distintamente as vozes. E os tambores a acompanhar. Mas ainda não via ninguém.
Entrou no quintal da missão. As vozes vinham da casa grande. Aproximou-se trepidante, encostou-se a uma janela e sim, aquela alegria que sentira em sonhos começou a brotar-lhe do fundo do coração. O pai tivera razão! Timidamente entrou e encostou na porta. foi convidado a se sentar.
Escutava o cântico. Compreendia as palavras: gostou delas, Sentiu que era ali mesmo que devia estar. Encontrou amigos, conversaram, fez muitas perguntas e entendeu que calhou mesmo ele chegar num domingo, o dia grande do Senhor. Perguntou também pela hostilidade dos grandes e teve as respostas, entre as quais uma que o deixou maravilhado: o facto de encontrarem tais dificuldades não desencorajava estes seus amigos: sentiam-se mais juntos e se ajudavam, solidais com o padre que tinha suas dificuldades por parte dos outros brancos, os soldados.

No caminho de regresso António avançava rapidamente, impaciente de contar ao pai o que lhe acontecera. Já estava decidido a entrar naquele "caminho". Só receava aas consequências eventuais para o pai e para a velha mãe.
"Não temas por mim, meu filho, disse-lhe o pai, nem pela tua velha mãe. Se este é o caminho que Emitai marcou para ti, segue-o, estamos todos em suas mãos".
No volver de poucos meses nascia uma pequena comunidade, amigos de António, homens e suas mulheres, jovens famílias cheias de vida.
Os anciãos da tabanca estavam preocupados. Os colegas das outras tabancas reprendiam-nos por não fazerem nada no sentido de travarem o caminho a estes seus filhos que seguiam os maus exemplos dos de Suzana, abandonando as tradições dos antigos.
Mas como podiam conseguir algo se até os filhos de Kutujenuió estavam metidos naquilo?
Sem discutir o assunto em sua presença, começaram as represálias. Não havia festa em que não se cantassem dísticos para zombar "dos da missão".  Aos poucos a coisa não ficou limitada às festas, mas se tornou um hábito quase cotidiano. Era insuportável.

A coisa piorou quando os anciãos anunciaram a pior das represálias: se "os da missão" continuavam em sua atitude, nunca mais seriam aceites na celebração da iniciação, o "fanado", que acabava de fazer sua entrada mas festas da tabanca.
António não se deixou intimidar. Apoiado pelo velho pai, construi uma nova casa mesmo perto da pequena casa que acabavam de construir para o padre e mudou para lá. Outros o seguiram.
Era a estratégia já experimentada em Suzana e noutras tabancas, A única maneira para não responder às provocações era a de "chegar mais além" um bocadinho, para não incomodar.

A reação dos grandes foi duríssima e abateu-se sobre quem era suspeitado se inspirar e de apoiar toda a manobra: Kutujenuió. Foi degradado, despojado de toda a autoridade e expulsado da tabanca. Era como morrer. Veio-lhe a faltar todo o seu mundo, o mundo em que nascera e vivera durante os oitenta anos da sua vida. Para os seus colegas, ele não existia mais. Todas as vezes que os tambores chamavam os grandes a reunião, nada lhe era comunicado: que ficasse onde estava e era melhor para todos. Ele vinha a saber algo só depois de tudo. E sofria.
Foi viver com a mulher em casa do filho, o António, que lhe reservou uma parte da sua habitação.
Foi assim que nos tornamos vizinhos, nos dias que eu passava na tabanca.
As crianças enchiam a casa de alegria e eram cheios de carinho para com os avós. Também os das outras comunidades não faltavam de lhes dar todo o respeito.
Mas ele sofria e mo confiava. Sofria pelo isolamento a que fora condenado pelos colegas, sofria por saber que os netos seriam excluídos dos ritos da iniciação...  Já não era de muitas palavras, mas agora quase virara a mudo!....
Ele via os filhos contentes pelo caminho escolhido. Ouvia o que lhe contavam a respeito de Jesus, escutava os cânticos e as explicações que até os netos lhe davam... mas isto lhe parecia pertencer a um outro mundo: coisas de meninos, ele era velho, já não tinha nada com aquilo.
Verdade é que sua mulher, Anjiroken, acompanhava aquilo tudo mais de perto e parecia gostar, conforme às vezes lhe confiava. Mas ela era mais nova. E era mulher.

E veio o dia dos primeiros batizados primeiro de Maio de 1980. Seu filho, o António, era o chefe de fila. Mas não era para ele que Kutujenuió olhava em continuidade. Na altura vieram do Senegal render-nos visita alguns cristãos e catequistas que encontráramos aquando dos primeiros batizados da comunidade de Yutou, mesmo além fronteira. Entre eles havia uns... de cabelos brancos. Jã não eram só rapazinhos.
Kutujenuió ficou fulgurado. Não tirava os olhos daqueles "colegas" que ele via contentes de estarem no caminho dos seus filhos. Mas o caminho, via-o mesmo, era para ele também!...
Chamei-o. Conversámos. Perguntou-me. Conversámos com os hóspedes seus "colegas".
Para ele foi uma libertação, um dia memorável: abria-se uma esperança.
Perguntei aos filhos se notaram alguma mudança no pai. Eram radiantes, o pai começara a fazer perguntas!
Quando lhe dissemos que se podia preparar com sua mulher para ser batizado, estava fora de si."Tudo quanto os nossos filhos acreditam, nós também acreditamos: não é assim, mulher?"
"Claro que sim" retorquia Anjiroken que, segundo quanto me confiara, esperava desde tempo aquele dia.
Os olhos de Kutujenuió voltaram a brilhar. O sorriso voltou a seus lábios. contente como uma criança. Queria aprender, queria saber, queria ouvir falar de Jesus.
"Já não me importa se me expulsaram da minha tabanca, já não me importa de não saber o que se decide no conselho dos anciãos: eu encontrei a Jesus. Basta."
E solenemente pediu-me para ser batizado.

"Olha, disse, os meus filhos estão-me ensinando o caminho de Jesus. Eu escuto e escuto também tudo o que tu dizes. Mas eu sou velho e não consigo reter aquilo tudo. Também a minha mulher escuta, compreende um bocado mais do que eu, mas quando lhe peço que me explique algo, diz que sim entendeu, mas non consegue repetir. Mas digo-te outra vez que tudo o que os meus filhos creem, eu creio também; o caminho que eles tomaram, eu tomo-o também, tudo o que eles querem, eu quero também. Só que eu sou velho e não tenho mais forças. Mas Emitai sabe, e sabe também que já não me importa nada daquilo que me fizeram. Cercaram-me da minha tabanca, sofri muito. Mas agora estou contente por ter encontrado este caminho, o caminho de Jesus, por estar aqui junto com meus filhos e com os filhos de meus filhos. Olha quantas casas surgiram aqui em volta, perto da tua casa: é toda gente que entrou neste caminho: conheço-os a todos, posso chamá-los meus e filhos; e vivem em paz. A mim não me restam muitos anos para viver. Dá-nos também, a mim e à minha mulher a água da vida e a seguir esperarei a Jesus que me vem chamar para levar-me consigo: já não me falta mais nada; não é verdade, mulher?" Concluiu dirigindo-se a Anjiroken, que concordou iluminando-se com um sorriso.
Foram batizados a santo Estêvão daquele mesmo ano. Uma festa memorável, com a presença dos tais amigos de Senegal como convidados especiais.
Viveu ainda três anos e via-se mesmo a sua felicidade, também quando a idade começou a fazer sentir seu peso, impiedosamente. Já não podia vir à igreja, mas esperava em casa Jesus: comungava mesmo durante a Missa, quando lhe levávamos a Eucaristia numa pequena procissão. Como brilhavam seus olhos quando recebia Jesus! Eu sempre ficava encantado1
Quis receber a Unção dos enfermos: não devia faltar-lhe nada do que o podia ajudar a encontrar Jesus. Recebeu o sacramento junto com a mulher, rodeados pela comunidade na Missa o domingo, com as crianças a festejarem os avós "que iam encontrar Jesus.
Quando me despedi dele quis dizer-me ainda que estava contente, que não lhe faltava mais nada, só esperava Jesus que o viesse chamar. E Jesus veio, cinco dias depois. Ficou connosco a lembrança, ainda mais, a "visão" da paz que Kutujenuió alcançou, liberto de qualquer saudade do que fora a sua vida antes de ter encontrado a Jesus.

segunda-feira, 26 de setembro de 2016

Anjiroken a profetisa de Ejin



Ehlalab é uma pequena tabanca felupe não longe da fronteira com o Senegal. E´praticamente uma ilha, rodeada pela água do mar que entra pela terra adentro em forma de rios e riachos.
Na noite de Páscoa de 1990 Ehlalab renasceu pela água e pelo Espírito Santo pela primeira vez desde que o sol lá do alto ilumina o desenrolar-se da vida neste mundo: seis famílias pululantes de crianças.
Ma há um pormenor que logo se nota: os catequistas que ajudaram a comunidade a se preparar assim como os padrinhos que acompanharam todos eles da mais vizinha comunidade, que é  Ejin, onde já existe desde dez anos uma comunidade cristã sólida que abriu caminho às outras comunidades da área. Nada de estranho? Nada. A não ser que as duas tabancas, apesar de pertencerem à mesma família Jóla  Felup,  são inimigas desde sempre, separadas por uma hostilidade secular, pontuada por uma longa série de conflitos sangrentos. As coisas não mudaram muito nem durante a guerra de independência, mas a partir de 1973 para Ejin e de 1977 para Ehlalab os primeiros grupos de simpatizantes pediram a catequese e o padre começou a aparecer  regularmente, viajando no rio; as mulheres começaram a frequentar as irmãs. E os catequistas? Foi difícil, mas aconteceu algo de inesperado. Catequistas havia, com vontade de ajudar, mas aquela inimizade atávica representava um problema e não dos mais pequenos.
Mas não para o António, o filho de Kutujenuió de Ejin: que assumiu como seu encargo particular o de acompanhar a comunidade nascente da tabanca "inimiga".
Quando uns catecúmenos de Jihunk, tabanca aliada de Ejin, o souberam, protestaram vivamente. Foram dizendo que isso non podia ser, que não se podiam ajudar os inimigos daquela forma, que António devia ser mandado parar.
Antes de eu tomar conhecimento da coisa, António  precipita-se a Jihunk e pergunta acerca das razões de tais murmurações. Eles não se calaram: "Mas como, tu vais levar a mensagem da salvação aos de Ehlalab que são nossos inimigos? E quando arrebentar mais uma guerra o que vai acontecer? Sabes dizer o que farias na ocasião?"
António não esperava mais. Falou como um profeta inspirado pelo Espírito Santo. Quando me contou o que lhes disse ainda vibrava com intensidade. Em resumo eis o que disse: "Vós sabeis que que entre nós de Ejin e os de Katón nunca nos demos bem. Ninguém sabe contar as vezes que estivemos em guerra. Entre os nossos pais ainda estão de vida os que se afrontaram nas últimas de tais guerras e nos lembram os nomes dos que foram mortos. Bom, o António Sipenjuló de Katon não veio por acaso muitas vezes nos lembrar e explicar a palavra de Deus a nós de Ejin? Sempre ficou hospedado em minha casa e nos tratamos como irmãos, Ele me disse porque fazia isso. Disse-me que assim é que Jesus se portou connosco: nós estávamos em pecado, inimigos de Deus, mas Ele veio no meio de nós trazer-nos o perdão e a paz; acabou com a inimizade. Agora, se o António de Katon veio a Ejin nos dizer aquilo, não devia eu também ir a Ehlalab? No caminho de Jesus não há mais inimigos, temos o mesmo sangue, o de Jesus, somos irmãos, não há mais "tapadas" que nos separem, acabou!"  Como eu saboreava suas palavras enquanto me contava isso! Cheiravam mesmo a Novo Testamento! E no meu coração agradecia a Deus que diante dos meus olhos ré-escrevia o livro dos Atos dos Apóstolos,,,,
Com o passar dos anos também os de Jihunk aprenderam umas lições e deram mais passos no caminho... até aceitarem ser ajudados por um catequista... de Ehlalab!

Naquele dia de Páscoa de 1990 , na homilia do Missa,  em presença dos neófitos de Ehalab, eu estava comentando estes factos, quando Anjiroken a idosa viúva de Kutujenuió, levanta da sua cadeira, avança com seu passo incerto apoiada  ao pau que sempre leva consigo, chega ao altar vem ter comigo, chama-me "Apinda", um dos meus nomes felupe, cumprimenta, "kassuumai", pega na minha mão e me diz:"Agora tu calas que vou falar eu": "Fala, digo, tu és a nossa mãe".
Vira-se para a assembleia e começa a falar, agitando ritmicamente o corpo como numa dança:
"Eu sou velha, velha mesmo e vi coisas que nunca mais vós podereis ver! Eu sei o que significa não  sair nunca da própria tabanca  e não pisar com o pé o solo de outra por medo que te façam mal.
Até eu ter crescido nunca vi a tabanca de Ehlalab, nem sabia como era feita. Nunca ultrapassávamos Jihunk ali ao pé, por medo que alguém, por ser inimigo, nos fizesse mal.
Mas agora estou contente, contente mesmo e posso morrer satisfeita, porque o Senhor me fez ver coisas que nunca  esperava ver. A minha mãe nunca me levou a Ehlalab, quando era criança, e agora vós estais cá com vossos filhos pequeninos, brincam com os nossos e ninguém tem medo de nada: é o Senhor que nos fez isto. Ele nos fez irmãos, somos todos irmãos, os nossos filhos são vossos filhos e os vossos  filhos são nossos filhos. Jesus, Jesus nos fez isto. Já pode vir buscar-me para eu ir embora com Ele.  Jä não desejo outra coisa: posso morrer, que morro contente!" Pega outra vez a minha mão e diz:" Não estragueis o caminho que este padre nos trouxe: é o caminho de Deus e sabe demais!"
O povo em volta, e nem só ele, tem olhos lúcidos e molhados, a memória sobrecarregada de medos, lembra vinganças em séries intermináveis, sofrimentos antigos e recentes... e de repente, depois das palavras de Anjiroken, parece que isso tudo se dissolveu: surgiu uma esperança nova e uma certeza a cantar nos corações: Ele nos fez irmãos! Acabou o medo!
Anjiroken vira-se para mim e diz:"Agora podes continuar!"
Continuar? Deus revelou os segredos do Reino aos pequenos e eu vou dizer palavras minhas? Só tive a força e a alegria de dizer Ámen! ao qual seguiu outro Ámen! espontâneo, sentido, da Assembleia toda.

 por Pe. Zé Fumagalli
Publicado em Mondo e Missione, Março 1994, com adaptações.

Celebraremos o "choro" da instituição familiar ou ainda há tempo para salvarmos algo?



A caminho do Sínodo              Temas para debates: a família na Guiné

Perante a crise em que versava a família, a Comissão Diocesana da Pastoral Familiar desde os primeiros anos 90 pensou realizar um subsídio para a preparação ao matrimónio possivelmente a partir dos dados positivos de nossas culturas. Por isso a partir de 1996 organizou um inquérito no assunto a nível nacional. A guerra de 98 parou tudo, mas já tínhamos dados suficientes para nosso trabalho.

O primeiro dado recolhido naquela altura foi: o matrimónio público, com consequências sociais até definitivas, existe e continua sendo celebrado em todas as culturas presentes nas nossas comunidades.
O segundo: o matrimónio é condição necessária para ter filhos. Sem casamento não há filhos.

Claro que todos sabem que podem ter filhos sem serem casados, mas aqueles filhos não são considerados "verdadeiros", quer dizer, não respondem aos requisitos da tradição e portanto os anciãos não se reconhecem neles; não realizam a imagem de homem ou mulher conforme a tradição e não terão encargos públicos (aliás eu lembro os tempos em que um filho ilegítimo não podia se padre.....).

Esta motivação confirmou-me no que pensara aquando da independência em 1974.
Quem veio a Suzana naquela altura expor a "política" educativa e social do Partido, falava em Clube como sendo o lugar privilegiado para a Nova Cultura. O Clube veio a chamar-se de "discoteca", mas nada mudava na substância. O que aconteceu?
Cada tabanca e cada morança arranjou um gira-discos e umas caixas de som. Começaram as "mansidas". Até havia discos determinados durante os quais se apagavam todas as luzes e cada qual.... fazia o que lhe apetecia com seu parceiro ou parceira.
Desculpem eu falar nestas coisas, mas è para dizer o seguinte: eu logo lancei um alerta "cuidado, há filhos demais a serem concebidos no clube em vez que em família; os que escaparão à chacina dos abortos irão constituir uma sociedade de elementos "nascidos fora", "não educados conforme os valores da tradição" e então "não reconhecidos", em que "não se pode confiar"....
A estrutura familiar, que aliás nas nossas comunidades ainda não tinha estabilidade suficiente, começou a vacilar vistosamente.
Os grandes quiseram reagir, em certos casos até com violência. Não conseguiram parar o processo e então ...... baixaram os braços.
O processo alastrou e todas as barreiras foram abatidas: nem conseguiu fazer algo o medo da sida, a pandemia que se manifestou mesmo naquela época.
A geração da independência?  Cá está ela e não só agora, com suas riquezas e... seus problemas.

Um caso emblemático é o que aconteceu no meio Felupe. (Peço vénia por eu sempre fazer referencia a este povo, mas é o limite da minha experiência).
Esquematicamente, para ter o direito de procriar um filho um felupe lhe deve preparar:
            1  uma família constituída através do casamento realizado (ia|-il)
            2  uma casa em que habitar    (eluup ai)
            3  uma reserva de arroz para se alimentar (emaan ai).

E para se preparar ao casamento havia seis anos ao longo dos quais o jovem era iniciado à vida social,  a assumir suas responsabilidades: era a verdadeira iniciação. O fanado se sobrepôs só em tempos muito recentes.
Nada disso presentemente. O que quer dizer que a própria cultura foi abandonada e rejeitada.

- A nível de Igreja, rejeita-se o sacramento, fecha-se a porta da casa na cara de Jesus. "Fica lá fora, em minha casa quem manda sou eu".
- A nível de comunidade humana, recusa-se qualquer lei, qualquer intrusão da comunidade, qualquer ajuda de quem tem experiência de vida... A liberdade é erigida em libertinagem.

Consequências:
   *a nível de Igreja:
- renega-se, de facto, o Batismo e a condição de "filhos de Deus"
- quebra-se a comunhão com Jesus
- quebra-se a comunhão com a Igreja, com a comunidade em que os sacramentos são celebrados

     *a nível de sociedade:
  - renegam-se os laços familiares que garantem pertença, identidade e estabilidade
  - recusa-se a ajuda das duas famílias na construção da nova
O novo "aglomerato" familial não reconhecido e não suportado empreende sua caminhada na vida completamente isolado, sem nenhuma garantia para presente e futuro.

Os resultados estão debaixo de nossos olhos:
Jovens que engravidam mais moças tendo assim paternidades "cruzadas" e complicadas
Moças com filhos de jovens diferentes, "descarregadas" a lutarem sozinhas para os sustentar.
(Quantas cesarianas, por não terem ainda aa força de parir? E como subiu o número de moças e crianças que perderam a vida no parto? Quantas corridas eu dei com a ambulância da missão?)

E os filhos?
Vítimas inocentes do egoísmo, da leviandade, da libertinagem, etc....
Crianças traumatizadas: depois de uns anos de vida com a mãe, o pai, se está interessado, a reclama e a leva para junto de si: mudam as pessoas, muda o contexto familiar, às vezes muda a cidade, muda a língua.... Os pontos de referência que a criança tinha individuado aos poucos e que lhe davam segurança, desaparecem e subentra outra pesquisa de outros pontos....  Falha completamente o sentido de pertença, prejudicando assim o sentido de identidade da própria criança, que vem a ter uma personalidade instável, não definida. Já não tem consciência de quem é na realidade (os peritos em psicologia que expliquem, por favor)
Psicologicamente è um fracasso enorme... E o Centro de saúde mental de Bissau tem que tratar pacientes cada vez mais numerosos...e mais jovens!

E os direitos das crianças tão conclamados? Pisados aos pés, porque as crianças não se podem defender. Somos tentados de chamar isso como "criminalidade tolerada" pela nossa sociedade, que assim se torna cúmplice: ela tem outros problemas de ordem política, económica e social... e  acha que não pode interessar-se a este, que porém é profundamente humano e que ameaça a própria sociedade no seu fundamento, que é, ainda antes que a família, a própria pessoa humana. 

E a Igreja?
A Igreja tem recursos que a sociedade civil não tem, recursos que se chamam oração, catequese, misericórdia, sacramentos, comunidades etc.
Mas o que é que está a acontecer?     
Apareceu a figura do "Jovem pai" e da "jovem mãe", normalmente chamados de "Jopais".
Do que é que se trata? Procuremos ser claros.
Trata-se de jovens que, por vários motivos, nem sempre de sua exclusiva responsabilidade, falharam a caminhada com Jesus, empreendida no Batismo e continuada através de uns sacramentos; e falharam sua caminhada exatamente neste ponto: não souberam assumir e viver sua sexualidade e se encontram na situação de ter gerado um ou mais filhos sem serem casados e sem viver juntos.
Situação que, objectivamente, os coloca numa posição ambígua: ao lado do caminho quer como cristãos quer no que diz respeito a suas culturas.

A descrição parece impiedosa, mas não é. Não estamos falando nem em culpas nem em responsabilidades: o diagnóstico è fundamental para encontrar um tratamento, em qualquer doença.
Diante da minha linguagem houve, entre uns "jo-pais", quem apelou ao diálogo.
Muito bem. O diálogo não é para ocultar a verdade, mas sim para lá chegarmos juntos.
Exemplo: um sujeito com o fígado estragado pelo álcool, pode pedir ao médico que lhe explique o seu caso com boas maneiras, mas o médico não pode não dizer-lhe que pare de beber, se não aparece uma cirrose hepática e o sujeito fica despachado, dialogando, naturalmente!....

A descrição ainda não acabou.
Há casos felizes em que, rapaz e moça, gostam um do outro, assumem sua paternidade e maternidade, pedem ajuda, são orientados e conseguem dar uma família, uma casa e sustento ao filho que geraram. È um festa! Quer dizer que há uma saída a esta situação. Graças a Deus já celebrei diversos casamentos destes com a alegria do perdão em que fala Lucas, 15,6 ss.

Há outros casos menos felizes em que, por várias razões, rapaz e moça não resolvem, até geram outros filhos, adiando indeterminadamente uma solução aceitável.
A este ponto temos que ser claros. Estas pessoas não devem ser abandonadas. Parece que as podemos ajudar com outras modalidades. Temos que procurar.
No contexto da comunidade onde se colocam?
Com os jovens? Com as famílias? Constituem um "movimento" a parte, como fossem os Valentes, os Escuteiros, etc?
Para já não digamos absurdidades! Um movimento numa paróquia surge com finalidades de formação através da Palavra de Deus, da catequese, da vida sacramental, da espiritualidade, etc. com vistas a assumir uma atividade apostólica específica; não è o caso dos "Jo-pais" que são como "doentes que precisam de ser tratados".
No caso deles o único "movimento" é o da jangada na qual embarcaram, do lado dos jovens, para desembarcar do lado das famílias. Durante a travessia é que devem decidir e organizar sua vida do outro lado. E a travessia normalmente leva nove meses.....
Eu frequentei as jangadas durante muitos anos cá na Guiné, mas nunca vi ninguém a escolher entre os passageiros um presidente, um secretário, um tesoureiro etc. Os passageiros só pensavam em como prosseguir a viagem uma vez desembarcados do outro lado: haveria transporte, etc. etc. e se apressavam a desembarcar para não ficarem a pé.
Então, os "jo-pais" são jovens e ficam com os jovens?
Examinemos a expressão "Jovem pai". Se no princípio se tratava de um jovem (substantivo) que se tornou pai (outro substantivo) agora a situação mudou: dentro breve deixará de ser jovem, porque os anos passam, mas não deixará de ser pai durante a sua vida toda, desde que gerou pelo menos um filho. Então estamos diante de um pai (substantivo) apesar de jovem (adjetivo!), porque se tornou pai de repente, sem preparação, etc.
Então já não pertence à categoria dos jovens, apesar de não poder ainda ser considerado "família" sendo esta constituída através do matrimónio celebrado.   
Para quem não partilhar esta análise mais ou menos lógica:
-um jovem tem o tempo de pensar, na sua cabeça, no futuro, para quando terá família
- um jovem pai já tem o futuro "em casa": deve pensar no plural, com filho e mulher e deve pensar
   depressa, porque eles não podem esperar...

No caso de um casal "jo-pai" decidir de casar o que acontece?
Pelo menos um dos dois é cristão e casam pela Igreja? Deus obrigado! É mais uma família cristã que vem a sustentar a comunidade. É festa!

Se nenhum dos dois é cristão? Casam pela tradição ou pelo civil e há mais uns pés seguros a aguentar a sociedade. Também é festa.

- E se se juntam sem casar? Simplesmente vão conviver? Deixam de pertencer aos "jo-pais" e já se tornaram casais "conviventes", mais ou menos idosos, com mais ou menos filhos, mas estão juntos: então são "conviventes".
É lembrar que esta de convivente, no caso de cristãos, é uma situação objectivamente considerada de pecado: eu, cristão, constituo de maneira estável a minha família deixando fora Jesus Cristo. Se no caso de jo-pais a coisa parecia mais provisória e tinha perspetivas de se solucionar em tempos relativamente breves, agora já não é assim: a recusa estabilizou-se e aparece mais grave.

Escusado será dizer que nos dois casos não há possibilidade de comungar na Eucaristia nem de exercer qualquer função na comunidade: nem catequista, nem leitor na Missa, nem padrinho ou "fiadur". Se eu recuso a Cristo como é que acompanho alguém ao seu encontro?

- Objeção corrente: mas eu queria casar! Só que não há condições!"
Resposta: Até agora teve "condições" para gerar e criar filhos: o que é que muda com a celebração do matrimónio? Devem passar a pagar um imposto à Igreja talvez e não têm dinheiro para aquilo? E então? A festa? Onde está escrito que devem gastar X dinheiro para o matrimónio ter valor? É tudo "desculpas de mentira" como todos sabem mas estão a fingir que não sabem!
Desta forma estão a destruir suas próprias comunidades:
Onde é que se encontrarão catequistas, padrinhos, "fiaduris" em condições? E então será impossível estruturar um catecumenato? Ou continuaremos a pretender e fazer "descontos"?
Com qual resultado? Que nem batizados de criança se poderá fazer, apesar de o pároco procurar em todo lado alguém que lhe dê, como manda a Igreja, a " esperança fundada de que ela (criança) irá ser educada na religião católica," (prelim. Bapt, Crianças, n. 8; Cic. 868.§1,2) Será um bocado difícil confiar que tal educação possa ser ministrada por quem colocou Jesus fora da porta da casa!
E então vamos alegremente nos reduzir a encher a nossa terra de filhos de homens e não de Deus ou, pior ainda, visto pisarem aos pés também suas culturas, de "crias" do bípede chamado homem.
Que Deus tenha misericórdia de nós!

Chegados a este ponto há mais uma consideração a fazer, de carácter pastoral.
È verdade que em vista de um caminho de conversão temos que ter toda a atenção, todo o carinho, toda a misericórdia com os irmãos que, tendo caído no pecado contra o sexto mandamento através dum ato sexual completo que deu origem a uma nova vida, se colocaram na penosa situação de "jo-pai".
Mas é também verdade que não devemos esquecer a conotação de ESCÂNDALO que sua atitude reveste. Já é um sem fim de adolescentes que "tropeçaram" nesta pedra que o satanás colocou no seu caminho, até que parece uma etapa normal no crescimento dum menino ou duma menina.
Está entrando, e em parte já entrou, a mentalidade segundo a qual faz-se a primeira comunhão, faz-se a Confirmação (muito cedo, possivelmente antes da puberdade), e depois passa-se para o grupo dos  "Jo-pai" e se vai para frente; se calhar haverá algum  "outro" sacramento a mais?
Pior ainda, há quem pense que a este ponto um menino, uma menina pode escolher o "movimento" em que entrar: Valente, ou Escuteiro, ou... "Jo-pai", ou algo mais!...
Sem dizer da confusão que esta gerando a participação em conjunto de adolescentes (!?), jovens e jo-pais na celebração da "Jornada diocesana da juventude"... para a qual será preciso contemplar também a preparação dum "jardim infantil" de campo para... os filhos dos jovens|....
Devemos ser claros e não perder tempo. Sempre salvando as pessoas, temos que estigmatizar com força a situação de "jo-pai" como NEGATIVA, como IRRESPONSÁVEL, como PECADO contra si próprios, contra Jesus; contra os filhos gerados daquela forma, privados dos direitos e do respeito que lhes são devidos, só porque os que os geraram não quiseram saber de se portarem como seres humanos responsáveis.
Pena o menosprezo  da virgindade e seu desaparecimento.
Com boa paz da "Pastoral vocacional": só faltaria falar de "jo-pai" como de uma ... vocação, a única que sobraria.
Abra-se um debate, por favor.

Nos poderiam ajudar umas perguntas, por exemplo:

- Quem é que na paróquia e na diocese se deve interessar deles? Será a pastoral familiar? Será a dos jovens? Melhor que sejam duas em vez de nenhuma, é verdade, mas pode haver colaboração? Historicamente no que respeita à minha experiência foi a comissão da pastoral familiar, a pedido de pais preocupados pelos seus filhos. Lembro que pedimos a colaboração da então Comissão da pastoral juvenil. Resposta positiva. Logo houve troca de responsáveis e... nos tornamos espetadores do que ia acontecendo.
Será melhor retomar o discurso pelo menos a nível de paróquias?

- É natural que, principalmente no que respeita às moças, depois de ter feito o que fizeram, se encontrem um
bocado isolados, desnorteados, como tendo desembarcado num planeta desconhecido (daí a procura de pertença a um grupo, a um movimento?). Onde encontram apoio? Nos colegas? "Coxo que se apoia a coxo não vai longe.
Não podemos encontrar em nossas paróquias famílias "madrinhas" que os ajudem e lhes estejam próximas? Pode ser casais que já acompanharam seus filhos na mesma situação e os ajudaram a sair. Eu, por minha parte, quando celebro o casamento de jovens que passaram por esta experiência e entram no grupo das famílias, peço-lhes que ajudem a comunidade falando a seus irmãos mais novos, que se encontram naquelas mesmas condições, no caminho percorrido para saírem das suas situações. Sem dizer que, se do lado do rapaz às vezes é necessária a intervenção do homem que o chame, às vezes energicamente, a suas responsabilidades, no caso da moça, especialmente se abandonada, pode haver a tentação de "apanhar a primeira candonga que passa", piorando assim sua situação: não haverá mesmo ninguém que possa aconselhar?
- Será possível e positivo pensar na individuação ou na celebração duns passos duma caminhada de aproximação à celebração do matrimónio. no estilo das celebrações da caminhada catecumenal, como sugere papa João Paulo II na Familiaris Consortio n.66 falando na preparação próxima, (todo o  n°66 nos ajuda a estruturar uns conteúdos para a catequese...')
Etc. Etc.