Na sexta-feira passada, 17 de Fevereiro,
acabou a primeira sessão do Sínodo diocesano com uma s. Missa de conclusão presidida
pelos dois Bispos da diocese. O clima que se respirava era de grande satisfação
pelo enorme trabalho realizado (foram discutidos doze temas sobre os treze
programados), mas também de preocupação pelo facto que temas importantes como a
inculturação e o diálogo inter-religioso foram deixados de lado.
Na partilha final ficou claro aos 150 membros
sinodais que a lista dos temas deve ser revista e o número diminuído (D. José
Lampra Cá prometeu que serão tratados apenas dez temas), que deve haver mais
rigorosidade nos horários, que se deve rever o funcionamento dos grupos e a
maneira de trabalhar da secretaria.
O Sínodo não esqueceu de reflectir sobre a situação
sociopolítica do País, que está a preocupar todos os sinodais. Eis o que foi
afirmado na Declaração final, lida na
conclusão da S. Missa do dia 17:
“A diocese de Bissau reuniu, em primeira sessão
do Sínodo diocesano, entre os dias 13 a 17 de Fevereiro de 2017, os Bispos, presbíteros,
religiosos, religiosas e leigos vindos de todas as suas paroquias. O Sínodo
diocesano intitulado “Nova evangelização”, in sintonia com a Igreja universal e
o Episcopado africano, procura reflectir a dar resposta às questões que se
prendem com a reconciliação, justiça e paz na Guiné-Bissau.
Os trabalhos circunscreveram-se a temas
constantes do Instrumentum laboris
(documento de trabalho), de 30 de Outubro de 2016, de sua Ex.cia Rev. D. José
Camnate na Bissign que encontra no Sínodo diocesano “(…) uma ocasião favorável para
a família diocesana rever criticamente o o
estado do seu ser cristão e a sua presença de testemunha da proximidade do Reino de Deus”.
A abordagem dos temas suscitou vivo debate
entre os sinodais, que se inspiram nos ensinamentos de Jesus Cristo e nos
documentos eclesiásticos, para se interpelar como Igreja sobre a vivencia
quotidiana dos cristãos em geral, na sociedade guineense e no mundo, bem como
apontar o caminho que conduzirá no futuro a Igreja diocesana de Bissau.
Na sequência dos trabalhos não obstante não constituir objecto de debate,
os sinodais, perante os sinais visíveis que interpelam e perturbam todos os cidadãos
guineenses, independentemente da sua convicção religiosa, manifestaram as suas preocupações,
entre outras, sobre os seguintes:
1.
A instabilidade politica e
institucional que vem arrastando há quase dois anos com consequências negativas
nas situações individuais e colectivas, sobretudo dos mais carentes e vulneráveis;
2.
2. O fenómeno da droga, degradação
da moral pública, vi0lencia, irresponsabilidade e impunidade;
3.
Em especial, a alegada gestão danosa
dos escassos recursos económicos e financeiros, sem que, até à presente data,
seja apurada a realidade dos factos.
É na linha do papel de vanguarda que caracteriza
a Igreja de Jesus Cristo, no fiel cumprimento da sua missao no mundo, o Sínodo
diocesano alerta os cristãos católicos para a necessidade persistência na oração,
nomeadamente pela paz e estabilidade política e social na Guiné-Bissau.
Imbuido do espírito cristão de ser instrumento
de Jesus Cristo, os sinodais produzem a seguinte declaração:
1.
Insistir no apelo ao diálogo e à reconciliação
nacional entre todos os guineenses independentemente da sua origem ética e confissão
religiosa;
2.
Apelar aos orgaos da soberania a
valorizar o fundamental, a pessoa humana, essência da criação de Deus,
reconciliada no amor infinito do seu Filho Jesus Cristo;
3.
Apelar aos decisores políticos,
governantes e gestores públicos a obediência de uma gestão rigorosa, criteriosa
e transparente dos bens colectivos;
4.
Apelar às autoridade judiciais o rápido
esclarecimento dos factos que tem vindo à público sobre a gestão dos recursos económicos
em geral;
5.
Responsabilizar, se for o caso, os
indivíduos e grupos por actos atentatórios à moral social e crista e à vida em
sociedade.
Bissau, 17 de Fevereiro de 2017
A mesa da presidência
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